Viva eu! E surpresa, sou um
rapaz!
Ora tudo começou no dia 04 de
Maio, estava eu muito bem dentro da barriga da minha mãe, quando começo a
sentir uns empurrões, isto porque deram um comprimido à minha mãe para induzir
o parto (era praí meio dia e meia).
Isto continuou por dez horas, comigo a ser esmagadinho e
comprimido, até que comecei a ver a luz ao fundo do túnel (literalmente) e
fui-me encaminhando para a saída. Mal meti a cabeça de fora, vi imensa gente a
olhar para mim e fui atirado (sim, a sério, mandaram-me tipo saco de batatas)
para cima do peito da minha mãe. Chocadíssimo com este tratamento, comecei a
chorar, mas a minha mãe foi logo simpática para mim e tapou a luz excessiva que
estava na sala com a mão, e ouvi o meu pai dizer que eu era um menino.
Depois levaram-me para uma sala, onde me limparam
ligeiramente e vestiram, fizeram-me aqueles exames de rotina e depois
devolveram-me aos meus pais. Entretanto a minha mãe, drogadíssima da epidural,
esperava que o resto da nhanha saísse e que pudesse beber, comer e ir para o
quarto. Assim, duas horas depois, fomos os dois numa maca para o quarto,
passando pelos meus avós maternos e pelo meu pai que estavam à espera de nos
ver passar (àquela hora não podiam visitar, por isso ficaram no corredor à
espera).
Eu portei-me muito bem nos primeiros dias em que estive no
hospital, também porque ainda estava meio grogue daquele processo todo de sair
cá para fora. Passados dois dias deram-nos alta e o pediatra descobriu que eu
nasci com um dente! É verdade, sou um bebé raro, especial e muito precoce,
coisa que já todos sabíamos, não é verdade?
Quando cheguei a casa, pronto, o stress levou a melhor e
durante quase três semanas fiz a vida dos meus pais num inferno durante a noite…
Chorava, chorava, chorava, não porque tivesse fome, fralda suja ou cólicas, mas
porque não gostei nada da transição da barriga da minha mãe, onde não tinha que
me esforçar para nada, para o mundo exterior.
Agora há três noites que já me porto muito bem, durmo muito
calminho, só acordando de três em três horas para comer, voltando depois a
dormir, para felicidade dos meus pais.
O que reparei nestes dias é que o meu pai tem muita
paciência para mim, que a minha mãe se não dormir fica louca e malvada, que a
minha família (inclui amigos) é enorme e as visitas não param, que o meu cocó
cheira a leite morno com cereais (nada mau heim?) e que algumas roupas já
deixaram de me servir.
A única preocupação agora é eu não estar a aumentar tanto de
peso como era suposto, mas sabe-se lá se não sou eu que tenho o meu próprio
ritmo? Eu acho que como bem de cada vez, umas vezes mais, outras menos, mas
penso que fico satisfeito com o leitinho da minha mãe. Será que me vão fazer
beber leite artificial para eu engordar mais depressa? Depois venho cá contar
novidades!