25/05/11

A Maria dos Anjos

A Maria dos Anjos é a emprega doméstica dos sonhos dos meus pais.
A Maria dos Anjos arruma, limpa, aspira, cozinha, passa a ferro e tudo isto sem se queixar.
A Maria dos Anjos não se importa com as pilhas de roupa usada em cima do sofá, que se vai acumulando ao longo da semana por não haver paciência de a arrumar, e mete-as a lavar.
A Maria dos Anjos não lava a roupa para a deixar estendida durante dias ou semanas, até ficar tão tesa e poeirenta que tem que ser novamente lavada.
A Maria dos Anjos limpa o pó todos os dias, de forma a que os móveis castanho escuros em wengue não tenham uma camada enorme em cima.
A Maria dos Anjos sabe o que os meus pais querem comer ao pequeno almoço e prepara-o para eles não se atrasarem para o trabalho.
A Maria dos Anjos não deixa que o pão ganhe bolor por estar há muitos dias na caixa do pão (que convenhamos também não é de muito boa qualidade porque já está toda a desfazer-se e não protege nada).
A Maria dos Anjos tem uma força hercúlea que lhe permite afastar a cama pesadíssima dos meus pais para aspirar por baixo e não deixar formar um tapete farfalhudo de cotão.
A Maria dos Anjos não se importa de andar de rabo para cima a apanhar os milhares de cabelos que a minha mãe espalha diariamente pelo chão.
A Maria dos Anjos, apesar dos poucos armários existentes, sabe sempre onde arranjar espaço de arrumação e não deixa nada fora de sítio.
A Maria dos Anjos sabe sempre o que tem prioridade para ser passado a ferro, evitando minutos preciosos perdidos de manhã em busca de uma peça de roupa que se pensava que poderia levar e afinal está toda amarrotada.
A Maria dos Anjos não deixa que os bichinhos de prata (aqueles nojentos cinzentos e com antenas) entrem em casa.
A Maria dos Anjos recebe menos que 7 euros à hora, não se mete onde não é chamada e é sempre educada e bem disposta.
A Maria dos Anjos deve andar algures por aí… Mas onde?

20/05/11

Pensamento do dia...

Não é bem do dia... é mais da vida da minha mãe!

11/05/11

Os três azarados da vida airada

Era uma vez três amigos, a minha mãe, a CC e o PP, muito fartos de não serem milionários.
Um belo dia decidiram fazer uma sociedade para jogarem no Euromilhões, fazendo cada um deles uma chave e dando dois euros por semana a um elemento do grupo, para que este registasse o boletim. O acordo começou a fazer efeito em Agosto de 2010.
Todas as semanas, sem falta (excepto uma em que a CC se esqueceu), o boletim era registado. Todas as semanas os números sorteados eram totalmente diferentes dos escolhidos pelos elementos da sociedade.
O primeiro elemento a registar o boletim foi a CC, que nunca tendo surtido efeitos, foi despromovida e passada a responsabilidade para o PP. A sorte continuou a mesma. A minha mãe tentou mudar a tendência numa semana em que o PP estava de férias, mas nada.
Finalmente ontem, havendo a novidade de um sorteio às terças-feiras, foi dada a honra ao meu pai de ser ele o depositário. O resultado? Nada outra vez.
Resumindo… Desde Agosto que, todas as semanas, estas três pobres almas jogam com o seu precioso e muito custoso dinheiro e com as suas já escassas esperanças, para até agora terem ganho ZERO!
E, até agora, não viveram ricos para sempre…

10/05/11

No sábado há jantar de grupo!

No próximo sábado vai haver um jantar que reúne a maior parte dos amigos dos meus pais, pelos menos aqueles que se consideram realmente amigos.
Finalmente vão-se encontrar todos, passados vários meses, para uma alegre noite de cusquices, mal-dizeres e gargalhadas.
As novidades expectáveis vão ser a entrega de certos objectos larapiados ao Z e S que se casaram o ano passado e a eminência do nascimento da minha futura amiga, filha do M e da H.
As não expectáveis, mas que seriam bem vindas, poderiam ter a ver com casamentos futuros, compras de casa (pois, que agora não está nada bom não) e mais nascimentos previstos para eu já ter muitos amigos quando decidir nascer!

05/05/11

Más notícias

Há uns tempos a minha mãe foi à Medicina no Trabalho, onde fez análises que depois não deram resultados muito animadores. Sendo uma das poucas sortudas que neste país ainda desfruta de médica de família (em vez de pagar 90 euros por uma consulta de urgência num hospital particular cujo nome não será mencionado, que a deixou mais de 2h à espera e que culminou no mau atendimento), repetiu as análises e fez mais umas quantas.
O diagnóstico foi anemia, com níveis de ferritina escandalosamente baixos, e também hipoglicémia. Resultado, agora tem que tomar um monte de comprimidos de manhã e pior de tudo, tem que tomar o pequeno almoço!
A minha mãe é daquelas pessoas que não tem fome nenhuma de manhã, portanto este tratamento está a ser bem custoso. Para piorar um bocadinho, foi-lhe “recomendado” (é mais exigido) que comesse de três em três horas, porque os níveis baixos de açúcar derivavam de comer poucas vezes ao dia (se bem que cada vez que comia era a alarvice total) e poderiam resultar mais tarde em diabetes (só boas notícias e nada assustadoras).
Estou a ver que ainda tenho muito que esperar para existir, porque com a minha mãe assim toda podre isto não vai lá…