Cheguei a uma conclusão: sou um
terrorista.
Não daqueles que explodem coisas
ou que rebentam com pessoas, mas daqueles que fazem reféns. Neste momento a
minha refém é a minha mãe. Por eu detestar biberon e por não engordar como
seria de esperar para um bebé da minha idade, tenho que comer, no máximo, de 3
em 3 horas, o que faz com que a minha mãe tenha sempre que estar perto de mim.
Só tem um intervalo de duas horitas e pouco para dar umas voltinhas (por
exemplo ir jantar fora só com o meu pai como fez a semana passada), depois tem
que me alimentar. Nada de cinema, nada de praia, nada de ir às compras por muito
tempo. E como a minha mãe não é daquelas para quem amamentar é o momento mágico
do dia nem adora sacar da mama em público, sair torna-se muito problemático.
Eu lamento muito por ela, mas a
mim sabe-me muito bem estar juntinho a ela e além disse fiquei traumatizado por
ter ficado doente da última vez que bebi por mim o biberon. E digo por mim,
porque agora os meus pais, para eu comer mais, dão-me suplemento, que consiste
em enfiar-me o biberon pela garganta abaixo e assim tenho que beber mesmo
contra a minha vontade.
Outro dia estava a ver o programa
do Conan O’Brien com a minha mãe e foi lá uma senhora que teve dois bebés há
pouco tempo e que, meio no gozo, disse que ninguém a tinha avisado de como era
ter filhos na realidade, que só lhe diziam que era muito recompensador e
maravilhoso. Na verdade era uma grande chatice, e que não a levassem a mal
porque ela gostava muito dos filhos, mas que ela agora sempre que queria sair
de casa tinha que “pedir autorização”, que já não era pensar em sair e sair
logo. Ora a quem é que isto soou que nem ginjas? É que pode ter estado no gozo,
mas aquela senhora acertou em cheio. Toda a gente que tem filhos diz sempre que
é uma felicidade extrema, tra la la, mas calma lá… Tem muitos momentos menos
felizes, como não se dormir de noite, andar comigo a berrar na parte de trás do
carro sem parar, chorar sempre que os meus pais estão a jantar (e muitas vezes
a almoçar também), ter que me estarem sempre a dar atenção, sem poderem fazer o
que querem. É claro que eles não estão arrependidos de me terem, mas bem que se
podia avisar mais as pessoas que vão ser pais pela primeira vez, para o choque
não ser tão grande!
O pior disto tudo é as pessoas
que opinam sobre tudo a meu respeito e que pensam ser as mestres de
conhecimento em bebés. Os meus pais têm que aturar diariamente ou que eu choro
porque tenho fome (mesmo tendo acabado de comer durante 40 minutos), ou que
tenho que mudar a fralda de 5 em 5 minutos (nunca este meu rabo esteve assado,
nem perto disso), ou que estou mal habituado a dormir ao colo ou sem se poder
fazer barulho (durmo no sofá de dia e na minha cama de noite, ou no carrinho
quando vou passear e com imensa gente a berrar), ou que não bebo biberon por
causa do leite ou da tetina (os meus pais já compraram todos os biberons e
tetinas do mercado e até já experimentaram com o leite da minha mãe e eu
continuo a não beber). Tudo bem que os meus pais já estão na fase de ignorar,
mas será que o resto das pessoas não percebe que isso chateia e que não ajuda
em nada, muito pelo contrário, os mete ainda mais nervosos e raivosos?
Com isto tudo ainda não cheguei
aos 5 quilos mas estou quase (faltam 60 gramas). Para a semana, vou ter uma
consulta com a minha pediatra e finalmente ela vai-me autorizar a comer
sólidos! Espero gostar da papa, sopa e afins. Senão aí quem está mesmo tramado
sou eu, porque a maminha acabará em breve.
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