Eles andam aí...

Coisas estranhas acontecem aqui por casa… Estávamos todos a dormir muito bem outro dia, quando às 3h da madrugada a minha mãe acorda com um barulho que parecia que alguém tinha ligado um rádio. Ficou a pensar se seriam os vizinhos que tinham dado em loucos e posto a televisão em altos berros ou se seria o comunicador do meu quarto que tinha apanhado uma frequência de rádio e começado a emitir. Como o som não passava, acordou o meu pai, que também muito abananado não percebia de onde vinha o som. Levantaram-se então da cama e foram ao meu quarto, onde eu dormia pacificamente (uh, tenho-me portado tão bem de noite!) e não havia barulho nenhum. Foram então até à sala e que viram eles? O computador da minha mãe, com a tampa fechada, ligado e a passar um vídeo. Ora isto é muito assustador, já que ninguém tocava no computador desde a hora de almoço, não estava ligado à corrente, não funciona com a tampa fechada e para um vídeo começar, tem que se carregar em “play”.

Alguém me quer explicar o que raio se passou ali? Medo… E ainda não é Halloween!

Bebé de 5 meses vai ao dentista

Hoje fui ao dentista! Sim, tenho cinco meses, mas já nasci com dentes, lembram-se?

Os meus pais andavam preocupados porque o meu primeiro dente (o que já nasceu comigo) estava a ficar amarelado e o segundo dente (que nasceu no primeiro ou segundo mês) está torto: em vez de ser assim “  _  “ está assim “  /  “.

A minha mãe pesquisou na internet e descobriu que o que procurava se chama “Odontopediatria”. Onde lhe pareceu melhor e mais adequado à minha tenra idade foi a Malo Cliniq. O meu pai ligou para lá para marcar consulta, tendo a senhora recepcionista achado estranhíssimo um bebé de cinco meses estar a marcar dentista e perguntado várias vezes se a data de nascimento estava correcta.

Ora hoje de manhã partimos para a minha consulta. A clínica é chiquérrima, tem muitas especialidades e até spa! Na recepção indicam-nos a sala de espera e não esperamos como gado que berrem o nosso nome, não não. Dão-nos uma espécie de comando que quando é a nossa vez vibra, sendo devolvido na recepção, onde nos indicam para que piso seguir para a consulta.

Ao chegar ao piso da odontopediatria (agora que sabemos esta palavra, não queremos outra coisa) foi um sucesso. A enfermeira disse que eu era o paciente mais novo de sempre, era inédito ter nascido com dentes. A dentista era muito simpática e eu só chorei um bocadinho quando ela me lavou os dentes com uma escova que parecia uma broca, mas depois passou-me. Ficaram também muito espantadas em como eu sou tão atento a tudo (lá está, deve ser cegueira) e em como seguro bem a cabeça e me aguento direito (era suposto ser um boneco de trapos? Nem pensar!). Os dentes que já tenho são aparentemente os de leite, não são dentes a mais que tenham nascido e que caíssem agora. O dente amarelo é mesmo a cor dele e o torto não é preocupante porque, aparentemente, quase todas as crianças começam com os dentes assim. Ficou então a indicação para me limparem os dentes sempre que como, só com água e uma gaze ou uma dedeira específica para isso. Daqui a seis meses volto lá para ver a evolução.

Também ouvi por lá que se me nascerem os dentes de cima, como sou muito pequeno, ao beber o leite da minha mãe, não vou ter noção e vou trincar. Aí já sei o que me espera, acaba-se a maminha, literalmente…

A revolta do bebé

Como se já não bastassem as ofensas constantes aos meus pais, devido ao meu peso abaixo da média (e quero lá eu saber da média, engordo o que eu quiser ao ritmo que eu quiser) agora deram para me ofender a mim.

Já comecei a comer papas duas vezes por dia (e mais que fossem) e sopa e fruta ao almoço. Como tudo muito bem, às vezes refilo com a sopa, mas se me derem fruta pelo meio vai tudo! Continuo a beber leite da minha mãe duas a três vezes por dia e tenho dormido muito bem à noite. Até já adormeço sem ser ao colo, sozinho no meu quarto, na minha cama!

Mas como nem tudo pode mudar de um dia para o outro, durante o dia ainda gosto de ser embalado até adormecer, senão não consigo fazer as minhas sestas e depois fico muito rabugento.

Ora outro dia fomos a casa dos meus tios que se casaram há umas semanas e eu não consegui dormir nada. Resultado, estava possesso e a querer que todos se fossem lixar. A minha tia pegou em mim para me acalmar, mas eu nestas alturas prefiro os meus pais ou a minha avó, pelo que continuei a chorar desalmadamente e nem queria olhar para a cara dela. Então ela partiu para as ofensas e perguntou aos meus pais se já tinham falado à minha pediatra destes meus choros (não, eles querem lá saber de mim, até gostam que eu chore) e se ela tinha feito testes à minha visão porque eu nem olhava para ela quando estava ao colo (pois é amiga, acontece quando não estou a gostar da situação, e não, a pediatra é daquelas mais baratuchas, os meus pais viram um anúncio em promoção na internet, portanto testes e exames a olhos e afins? Pffff, para quê?).

Como se não bastasse, ainda perguntaram se eu não teria nanismo (agora por ser magro sou anão???). Ora eu tenho crescido sempre, estou muito comprido, lá porque sou elegante e não daqueles bebés obesos que mal se mexem, que se vêm por aí constantemente, não quer dizer que não seja saudável. Se calhar é porque já faço muito que os outros não fazem. Enquanto passam o dia quietos, com olhar perdido no vazio e a dormirem, eu brinco o dia todo, as minhas pernas e braços não param, já me viro e rebolo todo e estou sempre atento ao que me rodeia, tentando imitar o que vejo. Sim, deve ser sinal de cegueira e nanismo, sem dúvida.

Estou revoltado e sem paciência para aturar estas coisas.

Os meus pais obviamente que também estão ofendidíssimos e a minha mãe tem que parar de se calar a tudo o que ouve e começar a dar respostas tortas. Se não as querem ouvir, não digam barbaridades.