Para muitos, o meu pai é considerado um herói. Não, ele não salvou ninguém de um cavalo em fúria, não evitou que nenhum meteorito atingisse a Terra, nem conseguiu que o nosso País saísse da crise. O motivo de tal reconhecimento é conseguir livrar-se da aliança de casamento.
Tudo começou poucos dias após o casamento dos meus pais, durante a lua-de-mel. Estavam os dois na piscina do hotel, a fazerem figuras tristes e a tirarem fotografias dentro de água, quando o meu pai se lembrou que devia ser genial pendurar-se numa ponte de madeira. A minha mãe achou a ideia giríssima e incentivou-o. Ele lá se pendurou com as duas mãos a segurarem um tronco da ponte mas caiu demasiado depressa para a minha mãe tirar uma boa fotografia. Então ela insistiu para que ele voltasse a fazer a proeza, e ele lá foi. De repente deixou-se cair com um grande berro para dentro de água, ficando a minha mãe a pensar “Mas que raio, será que espetou uma farpa ou ficou com a unha presa?”. Quando chegou ao pé dele, havia sangue por todo o lado e a aliança estava a apertar o dedo de uma forma que não era humana. O resultado foi uns senhores caridosos de uma ourivesaria do hotel cortarem-lhe a aliança.
Além de quando voltou já não vir com aliança (mas felizmente vinha com dedo), ficou meses sem ela porque tinha que esperar que o dedo sarasse para mandar arranjar a aliança no tamanho certo. E quando o dedo já estava bom, estava a aliança mal, já que da primeira vez que veio do arranjo vinha demasiado grande e da segunda tinha as gravações por dentro apagadas.
Assim os elementos do sexo masculino começaram a achar que ele é um génio por “inventar” mil e uma desculpas para não andar com a aliança no dedo.
Actualmente ele pratica kickboxing três vezes por semana, e como diz que com a aliança se podia magoar, tira-a durante os treinos. Mas é importante referir que a guarda dentro das luvas de boxe, enrolada nas fitas!
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