20/01/11

Depressa e bem, não há quem...

Há uns dias, de manhã, no meio do caos e da pressa que já são habituais para os meus pais saírem de casa para o emprego, a minha mãe lembrou-se de que não tinha descongelado nada para o jantar. Pediu então ao meu pai, carregado de coisas e já com o casaco vestido, para tirar qualquer coisa do congelador. Ele, furibundo, lá começou à procura de uns bifes de peru, enquanto reclamava, até que descobriu que os bifes não queriam sair e aí perdeu as estribeiras. Começou a insultar os bifes e mandou o que tinha nas mãos para o chão.
A minha mãe, entretanto muito parva a ver aquela cena, achou melhor ir deitar fora o lixo e encontrar-se com o meu pai na garagem. Quando se voltaram a encontrar no elevador o meu pai diz “Olha… Não sei se apaguei a luz da cozinha… Tens que ir lá ver!” (acho que ainda não mencionei a obsessão por luzes ligadas do meu pai, que não pode ver uma divisão vazia com a luz acesa e prefere estar às escuras que gastar luz). A minha mãe lá voltou a casa, enraivecida, e confirmou que a luz estava desligada.
O dia passou, cansativo como sempre, e finalmente chegou a hora feliz do regresso a casa. A minha mãe chegou primeiro, entrou na cozinha e viu água no chão, ao pé do congelador… Estranho… Eis que repara que a porta do congelador tinha ficado aberta e lá dentro estava um caos de gelo por todo o lado (o congelador é dos que não é suposto fabricar gelo).
O ódio explodiu, mandou uma mensagem para o telemóvel do meu pai a ofendê-lo e que era bom que ele não lhe aparecesse à frente. Esta mensagem mágica fez com que o meu pai chegasse a casa dentro de poucos segundos.
O resto da noite foi passada a tratar do congelador, o meu pai a limpar as gavetas e a comida que (miraculosamente) não se tinha estragado, e com a minha mãe a escavar as paredes de gelo, com uma espátula de madeira, enquanto berrava “É melhor esfaquear o gelo do que a ti!” e lançava olhares de fúria ao meu pai…
Os bifes de peru que eram para o jantar, ficaram para o dia seguinte, porque nessa noite já ninguém jantou, de tão cansados e amuados que ficaram.

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